No passado dia 17, um português bateu o recorde do mundo de escrita de sms. O Público só o noticiou na segunda-feira passada, uma semana depois deste feito épico. Não só demorou sete dias inteiros a anunciá-lo, como ainda preferiu fazê-lo numa edição em que deu a primeira página à aprovação do orçamento, ou qualquer coisa assim. É a comunicação social que temos. Destaca as negociações entre PS, PSD e CDS, desterrando para a erma página 9 o feito de Pedro Matias, o português que escreve uma mensagem de 264 caracteres em 1 minuto de 59 segundos. Leram bem: 264 em 1.59. É o Usain Bolt das comunicações móveis. Só para se ter uma ideia, imagine o leitor que, em proporção, é como eu escrever uma crónica destas em 20 minutos. Sei que às vezes dá impressão que é esse o tempo que dedico a estes textos, mas quem me dera a mim teclar tão depressa.
Foi a segunda vez, no espaço de uma semana, que ficámos a saber de compatriotas nossos que foram premiados por habilidades que fazem com um telemóvel. Primeiro tinham sido os dirigentes desportivos que conseguiram ter conversas como as das escutas do Apito Dourado sem que nada lhes acontecesse. À sua maneira, também é uma façanha. Há que louvar a destreza no uso do telemóvel. Só que, tal como a proeza de Pedro Matias, também a das escutas do Apito Dourado passou relativamente despercebida na comunicação social.
E é uma pena que o sucesso alcançado por este português não seja reconhecido como merece. Há que celebrar o que fazemos bem. Portugal não produz só Saramagos, Ronaldos e Antónios Damásios. Também temos recordistas de escrita de SMS. Se bem que, neste caso específico, não se pode dizer que o talento de Pedro Matias tenha enfrentado as dificuldades para se revelar, tão típicas dos portugueses noutras áreas. Se há país onde um virtuoso do telemóvel pode singrar, esse país é Portugal. Sendo um dos países do mundo com maior número de telemóveis por pessoa, era só uma questão de tempo até aparecer um artista deste calibre. Temos as condições óptimas para efectuar proezas destas. Pelo menos, melhores condições do que António Damásio teve para estudar o cérebro, por exemplo. Embora quem se dedique a este tipo de competições com telemóveis até desse um bom sujeito para um estudo neurológico. Há curiosidade em perceber a motivação que leva alguém a querer conseguir escrever mais depressa do que consegue pensar.
Escrever correctamente uma mensagem com 264 caracteres em menos de dois minutos, usando só um polegar, é um novo patamar evolutivo. É sinal que os nossos jovens estão a desenvolver capacidades formidáveis. Neste caso, a capacidade de ter um super-polegar.
Que servirá, por exemplo, para que os condutores demorem menos tempo a detectar alguém que está à beira da estrada a pedir boleia. O possuidor de um polegar super desenvolvido ganha assim 7 ou 8 segundos para sinalizar que precisa de boleia. Com a crise, o desemprego e o preço da gasolina, não é uma vantagem despicienda.
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