A1, auto-estrada do Norte Porto/Lisboa,
As duas raparigas conversavam animadamente e riam-se a gargalhadas despregadas, quando o IPhone tocava para André dos Reis atender. Era um dos homens importantes do negócio que o contactava às 7h46. “Estes rapazes da Bolsa são tesos, nem conhecem as horas para dormir num mercado globalizado, conscientes do oportunismo que um mundo constantemente acidentado exige”, pensou. Uma gargalhada estridente ecoou vinda de trás e ensurdeceu a voz de André dos Reis quando atendeu a chamada, e do outro lado o homem de negócios perguntou por alguém. Era necessário adiantar o encontro para as 11h30 se fosse possível, mas não conseguiu perceber mais pormenores agora que as gargalhadas eram ainda mais agudas. Interrompeu a chamada e inclinou-se para trás com um olhar sobranceiro sobre as moças ao mesmo tempo que em tom áspero aturdiu:
- Shiuuuuuuuuuuuuuuuu! – E as raparigas sustiveram o riso admiradas do celerado que lhes estragara a animação.
Agora só se ouvia a voz de André dos Reis e uma outra indistinta e austera replicando-lhe.
Santiago,
“As pessoas têm medo das réplicas – eu também – e tem havido réplicas muito seguidas”, diz Sandra Manuelito, e adianta “Mas, depois de um terramoto de 8,8, uma réplica de 5,5 até nem assusta tanto”. O epicentro do terramoto, a que o U.S. Geological Survey atribuiu a magnitude de 8,8 na escala de Richter, verificou-se 90 Km a nordeste da cidade de Conceição, a segunda maior do país. A 320 km do epicentro em Santiago, o terramoto rebentava com viadutos e nas estradas carros capotavam.
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