sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

DEIXAI ADOPTAR AS CRIANCINHAS

O casamento entre pessoas do mesmo sexo foi aprovado, mas sem possibilidade de adopção. Acho que é injusto. Nomeadamente, é injusto para os casais heterossexuais. Se os homossexuais conseguiram o casamento, então deviam levar com o casamento todo. O casamento não é só coisas boas. Também há os filhos. E é injusto beneficiar um casal homossexual, que assim evita chegar um dia a casa e ter as paredes da sala pintadas com marcadores fluorescentes. Evita ir às urgências, tirar um berlinde de um nariz. Não são mais do que nós, para terem um casamento de primeira, em que são poupados à experiência de aturar um adolescente durante a idade do armário. Que é a altura do desenvolvimento humano em que percebemos porque não é boa ideia terem-se armas em casa. Ao alcance dos pais.

Há quem diga que temos que pensar no que as crianças podem vir passar na escola, por terem dois pais ou duas mães. “E se eu tivesse dois pais, como é que teria sido a minha vida na escola?” Não posso responder por ninguém, mas a minha teria sido igualzinha ao que foi. Os meus colegas nunca conheceram os meus pais. Nem o meu pai, nem a minha mãe, iam à escola. Nunca foram assistir aos meus teatrinhos. Nunca iam às reuniões de pais. Em toda a sua vida parental só foram a uma: a primeira do meu irmão mais velho. Depois disso decidiram que era uma inútil perda de tempo. Não me parece que, se por acaso fossem homossexuais, tivessem aparecido mais. Os meus colegas nunca souberam se fui criado pelo meu pai e pela minha mãe, pelos meus avós, por um casal de decoradores ou por uma loba.

Teme-se que os filhos de casais de homossexuais sejam alvo de gozo e que isso os possa traumatizar. Um argumento que também não me comove. É que eu sou adepto do Sporting desde miúdo. Os dezoito anos de seca coincidiram com a minha idade escolar. Sei bem o que é ser gozado nas aulas Todas as 2ª feiras, depois de uma derrota com o Covilhã ou com o Penafiel, era achincalhado pelos mini-lampiões, que nesse tempo até ganhavam com alguma regularidade (parece incrível, eu sei). Podem crer que trocaria vitórias do Sporting por pais Homossexuais. Principalmente à 2ª feira. Não podendo, então preferia acumular uma má época do Sporting com duas mães camionistas. Talvez desviasse a atenção do infortúnio sportinguista. “Ó Quintela, gostas mais da mamã ou da mamã?”, diriam os gozões no início da semana, esquecendo o ridículo empate frente a O Elvas. Quem me dera...

Outra advertência é feita por quem acha que uma criança adoptada por dois homossexuais pode sentir-se chocada com as manifestações de carinho entre o casal. Não tenho dúvidas que isso aconteça. É naturalíssimo. Quem já teve o azar de ver o pai e a mãe no meio da marmelada, sabe que é chocante. A sexualidade dos pais, hetero ou homo, é sempre desconfortável. Uma vez apanhei o meu pai a beijar a minha mãe e deixei de conseguir ver filmes com cenas de sexo durante 6 meses. Quem acha que a sexualidade dos pais pode influenciar a sexualidade dos filhos, não conhece esta mecânica. É óbvio que influencia: quando pensamos nos nossos pais juntos na cama, o embaraço é tanto que só nos apetece a castidade.

Claro que vai haver sempre casos de crianças que vão dizer: “Não quero ir viver com este dois maricas. Prefiro voltar para o meu papá, que pode beber um bocadinho e queimar-me com cigarros nas costas, mas é um homem à séria. Fez 12 filhos, a maior parte à minha mãe. Mas como o meu papá ainda está em Vale de Judeus por ter matado a minha mãe, vou antes ficar por aqui, à guarda do Estado. Comem-se as melhores papas de aveia!” Nestes casos, faça-se a vontade à criança.

Espero que em breve os casais de pessoas do mesmo sexo sejam autorizados a adoptar. Talvez daqui a dois, três anos, seja uma boa altura. Agora, não. É deixá-los desfrutar. Toda a gente sabe que não se devem estragar os primeiros anos de casamento indo logo ter filhos.

Do nosso mais respeitadissimo "colaborador", o rei José Diogo Quintela

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